Fernanda ShcolnikVelocidade direta.
Tudo direto ao ponto.
Sujo as mãos em um livro antigo de prateleira
mal limpa, marcas do tempo, totalmente
desafiadora.
Desafia e se mostra na veia aberta e roxa.
Eu vejo um roxo.
Falo calada ao menino de Santa Teresa
o das calças-xadrez
que as minhas palavras são bem mais bonitas que as suas
(dele)
aquelas não respondidas.
Você se lembra?
Sujar as mãos com prateleira de livro antigo
um sonho antigo:
escrever foi realizar e: parar.
(Porque já foi.)
Tudo num direto
passando em asfalto o barulho que some
o mundo sem som. O som dos pneus. Os olhos que cerram.
Peço luz, eu imploro: luz!
Os olhos se cerram junto às cortinas.
O cheiro da veia roxa exala.
Os poros se fecham mas logo se abrem.
Um outro dia que nasce.