segunda-feira, maio 19, 2008

Sobre cores e guarda-chuvas (primeira versão)

A tarde cai
a chuva cai
pela janela
um corpo cai

é o homem de óculos escuros quem grita
how does it feel?
enquanto a moça de cabelos longos
e flores no vestido responde
cry, baby
with no direction home, like a complete unknown...

em tardes assim, prefiro lennon
lou reed
retorno às raízes com velvet e até led

nada comparável ao peso das guitarras
nem a chuva
os trovões
talvez uma provável aparição da poeta

com seus guarda-chuvas impossíveis
as mãos geladas
como bebidas doces
afinal é verão
e a chuva um dia cessa
e nada pode ser mais difícil
que ancorar um navio no espaço

you used to be so proud...
but now you've got nothing to lose, no secrets to conceal

paredes rosas, roxas ficam alaranjadas
my soul turns blue
all the way enquanto a kombi de miss sunshine atravessa a estrada aberta em cores
diluída em holywood
mesmo set de filmagem

estrelas solitárias reaparecem e cintilam
como a comprovar sua maior loucura

de repente a psicodelia dos teclados ganha forma
textura
cor
e elas piscam como estrelas numa cena comum
luzes de boogie nights fosforescentes

sei que o cheiro de incenso vem da janela de baixo
vizinhos não assistem televisão
e os caminhos são os mesmos
longos caminhos onde
a moça de cabelos longos acena de longe como a dizer
just a little bit harder
sumindo no pó da estrada

o homem de óculos escuros agora usa um chapéu
ele se volta
como a compreender
e talvez pense
the times they are A - Changin'

(If tomorrow never comes?
ainda estaremos bem
e nada pode com o maior mistério
esse que nunca se explica
e que habita
os menores gestos
expondo-se apenas em secretas
pequenas epifanias)