Tudo parecia já dito e as palavras estavam gastas.
Um vazio tomava o espaço da casa, e não havia remédio;
ele se alastrava, infiltrava-se em brechas, nas frestas de armários, nas bordas mal iluminadas, nos cantos mais secretos, na face dos espelhos, no mármore do parapeito...... inundava a casa como enchente imensa, maremoto, dia de temporal........ diluía as coisas mais concretas, tornando tudo impalpável, incolor, desfazendo papel em água morna, as cores se misturando como numa sopa fervente.......
E era tanto, que não mais cabia. E, não cabendo, ainda assim se afirmava. E doía.
Nada além do som daquele piano ao anoitecer da tarde fria, cinza, nada a dizer.
[echoes de pink floyd soando obsessivamente na sala]