sexta-feira, maio 18, 2007

carne viva rente às unhas
é diluição de memória

os dias que escorrem lentos
os rostos que passam lentos
as eternas lembranças
permanecentes

quinta-feira, maio 10, 2007

Corpo

Fernanda Shcolnik

Joana suplica restos do acabado
e por hoje não pode responder mais nada.
O sol já posto
e ela esticando os lençóis
estirando também seu corpo
aparando as dobras -
um quase dois que entretanto se esgarça
mostrando o máximo a que pode chegar,
se tornando inteiro.
Joana observa em retração suas dobras
e pede um chão, um lastro
respira fundo até ocupar pedaços
os mais remotos.
Apreende na contorsão espaços no ar
esses invisíveis
que preenchem e que dilatam
mas que têm formas evaporadas
impossíveis de consumar.