sábado, fevereiro 27, 2010

nessa tarde vazia e quieta
tudo por dentro pulsa
o corpo se agita na monotonia de ser o que sempre foi

mais um dia de chuva se repete:
tardes longas
ruas vazias
um vagar quase eterno que abriga um prazer secreto nas entrelinhas

saber sentir a tarde é virtude de poeta
e dos pássaros que transitam entre flores e fios elétricos

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Dupla face

Fernanda Shcolnik

Há noites em que sou menina
e a menina chora
fecha a cara


Há noites em que sou mulher
e a mulher chora, deita de lado
Finge que não quer, mas quer


Há noites em que faço festas
o rosto se abre em sorriso raro

Nessas noites,
recebendo aplausos,
a mulher que renasce diz "sim"