quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Catarse II (ou anti-memória para uma puta triste)

Abomino certas putas que descartam pudores e se pintam, maquiando o escárnio em gargalhadas do outro lado da linha. Não suporto a vibração de suas vozes, o tingido falso e abominante cultivado em eternidade, matando toda a vida. Todas mortas, todas elas morrendo no cume do rio, exalando cera de ouvido em cor de laranja por cima da água-musgo, sufocando em meio ao amarelo enjoado dos próprios cabelos dissolutos, o rosto inchado, se avermelhando na pressão aquosa e desfigurando-se mais e mais. Só então, devoradas pelos crocodilos, elas devidamente serão entregues ao nada, para onde merecem voltar sem mais resíduos. E no oco da escuridão, poderiam talvez soltar um respiro em tortura de paredes estreitas e doloridas, no excesso de tecido adiposo que, junto ao amarelo dos cabelos, elas cultivaram na sua anti-vida, se houvesse ainda algum vestígio.

4 Comments:

Blogger efa said...

hehehehe

23 fevereiro, 2006 02:24  
Anonymous Anônimo said...

hahahaha

sacou, né???
=**

23 fevereiro, 2006 09:20  
Blogger Flávia Muniz Cirilo said...

nossa!

24 fevereiro, 2006 14:55  
Anonymous Anônimo said...

ótimo texto, imagens fortes, para mim inéditas!! Tia Flor

26 fevereiro, 2006 17:26  

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