Uma tarde
Fernanda Shcolnik
Dedos rasgados da mão que escreve
suam na tecla bem mastigados.
Toda a pele acabada em traços:
pedaços rasgados comidos
qual trapos.
Resquícios da carne se espalham na sala
bóiam sobrados
por cantos da cama entre dobradiças e
pelas poltronas.
Retalhos deixados em forma de arestas
dobram cores e luzes.
Retratos.
Uma criança de olhos imersos
mira as janelas de um lado da sala.
Atenta escuta a chuva que corre
e a mão que insana escreve
sem pausa.
Pingos escorrem da velha marquise e
na venda da esquina
alguém atrasado
compra cigarros e
lê as notícias.
Os pingos palmados no chão indicam
quietude larga no apartamento.
Ao lado, o vão da escadaria sugere
caminhos implícitos em pingos e rastros.
5 Comments:
ai, li esse "uma tarde" que lindo, principalmente aquilo que é mais chegado a mim como: "Retalhos deixados em forma de arestas/
dobram cores e luzes" e "Ao lado, o vão da escadaria sugere/
caminhos implícitos em pingos e rastros"e muitos dos outros que vc faz.Acho que esses desamparos me comovem mais do que qualquer voz poética. Abraços do Marcelo
Oi, Nanda. Tô com vontade de te mandar logo uns desenhos pra você fazer novos poemas! Quase terminei aliás a hq, falta só inserir os textos nas imagens!
bj!
Gostei desse texto, meio visceral...tá aprendendo, daqui a pouco tá escrevendo pro jogos mortais 4
Bjs
0tt0
Nanda voce arrebentou, tá poética tá demais, que forma linda e especial de olhar do mundo, gostei muito, manda mais pro Blog
bjo de um tal de wilson
adorei também.
cheiro de sangue, goshto.
beijos
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