segunda-feira, agosto 28, 2006

Ímpeto

Fernanda Shcolnik

Foi em meio a passos largos
sem nenhum sinal da chuva

Foi num ônibus vermelho
pela rua São Clemente
em horário de almoço –
quando ouviam-se conversas de senhoras
pelas praças antigas

Naquele bairro inerte
uma janela aberta
jazia
iluminada
quieta:
latente

Podia-se prever
na imagem do estático
ventilador de teto
a iminência de um contato

Naquele Botafogo
tórrido
mulheres engravatadas
homens atrás dos bigodes
meninos invisíveis
chutam o tempo

configuram o ar seco
que pesa sob a claridade

Sentidos e ambiências
infotografáveis
se furtam a cada flash

5 Comments:

Blogger Remo Saraiva said...

Ótimo! Ótimo!! Que bom que voltou a atualizar o filho!

Beijos, linda!!

REMO.

01 setembro, 2006 20:58  
Anonymous Anônimo said...

Que bom ver você de volta à escrita!! Adorei

04 setembro, 2006 18:21  
Blogger Remo Saraiva said...

Não é nada bom matar aulas, mocinha!!


Beijão!!

REMO.

11 setembro, 2006 00:50  
Anonymous Anônimo said...

AAAh, agora sim achei. Atualizado.
AMEI este.
A sutileza e o cuidado com as descrições de um lugar específico do Rio me lembram machado.
Linda!

26 setembro, 2006 20:45  
Anonymous Anônimo said...

Cheguei aqui e me enchi de espanto. Seus poemas são muito bons, Fernanda. Parabéns!

28 setembro, 2006 21:11  

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