Irrupção
Fernanda Shcolnik
Vozes barrando o tempo.
Em meio à chuva
vê-se ainda os largos passos
em reflexo
enquanto poças cor de prata
se dissolvem no cascalho.
O cinza das pedras toma a rua
e cores furtam vestígios de escuridão.
Vozes barrando o tempo
e ainda a maquiagem torneia
a pele manchada
de arroz e luzes.
Nem mesmo teu som mais profundo
alcança a distância dos passos da pele.
Ainda os vazios em ocos buracos
com vácuos lacunas -
deixadas pela borboleta da manhã.
E num dia aquoso a chuva desce
rente, ora paralela
vestindo seus lábios de uma lisura mansa
e morna
e de dores furtivas que encharcam
o tempo.
Entre as lacunas e vãos das paredes
as mais discretas borboletas se acanham
encolhendo as asas repletas de cor
entre os guarda chuvas que passam altivos
e onipotentes
desprovidos de qualquer compaixão:
uma luz seca e rala perpassa entre as brechas.
Os passos são largos, molhados,
aquosos
e perfumam as vilas por onde chegam
com suas barreiras de corrimão.
7 Comments:
Que lindo!
Mami
Que bom ver você de volta à ativa poética! Eu ficava entrando no blog, sempre esperando uma nova poesia... que você volte com muita inspiração, para que nós tb fiquemos um pouquinho mais inspirados. beijos muitos
Qual o valor das palavras nesse nosso mundo? Não sei te dizer, amiga poetisa. Só posso dizer que, valiosas ou não, mesmo que eu tente fugir delas, elas me seguem e me perseguem, assim como - me pareceria - a você.
Bom te ler de novo. Convido-te para minha nova casa; de mobília velha!, mas com algumas poucas novas.
taticastro
http://poesiaparaquem.livejournal.com
oi, vim, vi e gostei muito. faço os comentários depois. ciao!
pode linkar, claro! vou continuar lendo o seus, tem uma coisa em comum que é o afastamento do sentimental e a aproximação das coisas de modo mais cru...
conversamos depois. ciao!
Fastidioso, desmedido. Todas as palavras coagidas.
"as mais discretas borboletas..."
AMEEEI!!!
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