Casual
Quando te vi era Santa Teresa e seus olhos não eram mais os mesmos.
Sua boca não mais a mesma, nem as pernas, nem os lóbulos.
Convicta examinei os pés, na esperança de encontrar terreno
e seus pés, unhas, joelhos, todas as dobras,
que foi feito de você?, eu perguntava.
E tentando entender motivos, imaginava estar tudo esquecido
atrás das cortinas do apartamento,
escondido nas longas frases, distantes palavras, perdidas num naufrágio.
Quando te vi era Santa Teresa, uma ocasião peculiar
Quando te vi era Santa Teresa, uma ocasião peculiar
e as cores todas em seu redor desapareciam.
Eu não sabia mais cantar
e, na minha mudez, cheguei a pensar que não podia me lembrar de coisa antiga,
das coisas que vivi, do que brilhava firme em seus olhos de amendoim bem negros,
das imagens daquele inverno, tudo aquecido e evaporado em fumaça repentina.
Os meus pés eram imóveis.
Os meus pés eram imóveis.
Olhei ao redor, examinando tudo, não sabia as lembranças,
não mais as pessoas, as casas, o chão de pedras que nos rodeava,
tudo sumindo à minha frente e, súbito, a percepção maior,
você ali e o bairro inteiro em ocasião especial...
Quando te vi era Santa Teresa. Cidade em festa, emergindo balões.
Quando te vi era Santa Teresa. Cidade em festa, emergindo balões.
Não só seu corpo, suas pernas e dobras, cotovelos, as unhas, os lóbulos:
Santa Teresa não era a mesma. E eu tentava analisar seu corpo...
1 Comments:
Ôpa! Gostei muito desta não Santa Teresa - ou será mesmo Santa Teresa?
Outros abraços de Belém!
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