Do inferno
Pela primeira vez em exposição ao vento:
Observava a lua cheia
Porque hoje ela era lua.
Ela era cachos e até loira.
A água gélida no rosto perecível -
Nada mais do que o silêncio daquelas palavras.
(palavras embutidas)
Ruído da noite numa surdez eterna e muda.
Observava a lua como nunca antes,
Porque hoje ela era lua, ela era muda, era eclipsada.
Se expunha ao vento, à água
E pela primeira vez observava
A escuridão da lua envolta
Como nunca antes vira
O vento, a água, aquela geleira.
No seu rosto perecível,
Esfinge, matéria morta.
Era até loira, nessa hora.
Até gelo, quase um chão.
Enquanto o rosto se desfazia,
Decompunha a noite em partes
De gélida simetria.
Observava, como nunca,
A lua, o céu, o vento ardil
Que dava socos.
Transpunha-se em geleira clara, em frieza morna,
Pontada que não dilui. Transpunha-se em matéria morna
e molhada. Viscosa: quase pus.
7 Comments:
[Nota Publicitária]
Aviso aos leitores: Postei um maravilhoso poema da Adília Lopes, poeta portuguesa contemporânea, no meu outro blogue, onde tem reflexões minhas e onde eu coloco algumas citações de vez em quando. Essa vale ver, porque a Adília é maravilhosa e enfim... sem comparações com esses textos que vocês costumam ler por aqui. Então, eu recomendo!
O endereço é: www.outroblogue.blogspot.com ou cliquem no meu nome aqui, e chega lá direto.
Espero que gostem! Vale muito conferir. um beijo
adília é maravilhosa, sim. :-)
eu gostei demais de "Ela era cachos e até loira." ;-)
e eu amei o "quase pus"
gostei muito desse seu poema. Sério.
feliz 23! ;-)
gostei do seu poema abaixo, "notas..."; principalmente da primeira parte.
beijo
vários algaravariáveis por aqui, rs.
gostei dessa coisa viscosa, pus.
Muito bom.
Beijos.
Postar um comentário
<< Home