quinta-feira, março 30, 2006

Notas sobre você materializada

I.

A literatura dói, oprime
como o sutiã apertado que uso agora:
constante, frio, rendado e burocrático.
A literatura finge.
A literatura dói,
porque espreme os poemas, mas nada sai.
A literatura se torna uma sala de torturas quando a penso.
E deixa apenas uma pergunta, que não quer calar:
Quem explica a atitude literária?


II.

A literatura ri da minha cara,
enquanto a chuva cortante não para de cair.
Minha cara de nada ri, pois em tudo vê ausência dessa graça
e consegue apenas assistir a chuva,
essa que corta, fere, abre a pele,
tirando dela sangue sólido e remoldado.
Enquanto a literatura ri, minha cara fechada é árdua
e, ao mesmo tempo, fachada e
(infeliz) -
motivo de graça.

6 Comments:

Blogger Edilson Pantoja said...

Uma relação difícil, não?
Obrigado por ir tão "longe..."
Abraços!

30 março, 2006 23:57  
Blogger Thiago Ponce de Moraes said...

Olá, senhorita!

Começou o Algaravária, enfim: www.algaravaria.blogspot.com

Dê uma olhada por lá!

Beijos.

02 abril, 2006 14:11  
Blogger Nirton Venancio said...

gostei dos seus poemas. li devagar. obrigado pela leitura prazerosa.

03 abril, 2006 00:34  
Blogger applepie♥ said...

nandinha nandinha!!!
que saudades de você...
é eu andava mesmo enrolada apenas em pensamentos e externar tava complicado...

mas mesmo tudo complicado a gente vomita um pouco para descomplicar o que tem dentro...

03 abril, 2006 21:40  
Blogger Pedro Faissol said...

... a literatura só ri da cara de quem a domina.
aos outros, é sisuda ou indiferente.
adorei, fernanda.

04 abril, 2006 02:23  
Blogger Thiago Ponce de Moraes said...

Valeu, Fernanda, pelas visitas!
Sempre que puer dÊ uma passadinha pelos nossos cantos. Há sempre poemas novos por lá.

Beijos.

06 abril, 2006 08:58  

Postar um comentário

<< Home